GRAVURAS DE SINTRA
Apesar da condição em que muitas se encontram, vermos esta forma de arte chegar até nós e poder apreciá-la – sendo, representando, os primórdios da imagem informativa – é um privilégio, especialmente por serem, fisicamente, meros pedaços de bom papel com cerca de duzentos anos.
Era necessário que alguém fizesse um esboço de uma paisagem, de alguém, ou de um acontecimento, que posteriormente alguém desse vida a esse esboço através das suas capacidades artísticas – e quase sempre, nunca tendo visto ao vivo o que havia sido esboçado -, e por último, que um gravador abrisse esse desenho numa chapa metálica, em madeira ou em pedra. Para esta última parte do processo era necessária uma grande capacidade técnica, visto que o processo, devido aos seus materiais – quer de base, quer de abertura da gravura nesse material de base -, não era refinado e variado como hoje podemos encontrar no material de desenho e pintura. Os materiais eram também dispendiosos e o processo moroso, o que tornava a aprendizagem e o aprimorar dessa arte como algo extremamente lento.
Os primórdios da gravura em Portugal atiram-nos para a década de 1830, através da revista Panorama e de Bordallo Pinheiro. Nas décadas seguintes e até final do século, o desenvolvimento da arte da gravura é notório nos periódicos portugueses. Para o compreender podemos observar um desenho a cor de William Hickling Burnett representando o Mosteiro da Pena, e depois observar o mesmo desenho em gravura aberta por Bordallo Pinheiro no fim da década de 1830.
As gravuras que representam Sintra e que foram abertas e impressas há cerca de duzentos anos, faziam parte de periódicos ou livros, e outras eram vendidas como fascículos de colecções de paisagens ou de forma solta. Todas elas possuem características que as distinguem e as caracterizam como sendo de determinada categoria, podendo em algumas delas apreciarmos ainda aos dias de hoje, o vinco da placa de metal que carregava a tinta que as marcou para que nós hoje as possamos apreciar. Possuem também um papel cujo grão revela outros tempos (e outra qualidade), e no qual a tinta ganha volume sobre esse, se visto à lupa.
A maior parte das gravuras são a preto e branco, mas poderão ser encontradas versões a cor, pintadas à mão na própria época (apesar de se encontrarem nos dias de hoje gravuras daquele tempo, com falsificação de cor (cor aplicada nos dias de hoje)), ou através de um processo de gravação a cor utilizando ácido – em vez das linhas da gravura simples abertas no metal - e conhecido como aquatinta (que deixava o ar de aguarela), ou outro de gravação a cor – mais refinado e rigoroso - conhecido como mezzotinta.
Aqui encontrará alguns destes exemplos, uns a preto e branco, outros pintados à mão, outros em gravação, todos eles com uma idade que varia entre os 170 e os 200 anos.
GRAVURAS ORIGINAIS
normalmente conhecida por:
Cintra Vista de São Pedro
local de publicação: Karlsruhe
c. 1850